segunda-feira, 22 de abril de 2013

E agora? Atividades realizadas e novos propósitos

Muitxs criticaram a Marcha das Vadias por ser uma ação de "privilegiadas" e afirmaram que o seu caráter libertário e festivo desvirtuava o foco principal de um movimento que basicamente pretendia e pretende lutar pelo fim da violência contra a mulher. 

Entendemos as ressalvas e críticas. Somos sim (ainda), enquanto coletivo, formado em sua maioria por mulheres universitárias e de classe média. No entanto, desde a primeira Marcha viemos desenvolvendo ações que nos fortaleceram e prepararam para pensar e operacionalizar uma ativismo fora de nossa "caixinha". O compromisso de amplificação e aprendizado constante, assumido depois da primeira Marcha na nossa cidade, se desdobrou em algumas ações. É sobre elas e nosso posterior propósito de inclusão e diversidade para a Marcha de 2013 que trata esse post.

 
Em Junho de 2012, Briggida Lourenço, 28 anos, uma grande divulgadora da Marcha das Vadias em João Pessoa, professora da UEPB e mãe de uma criança de doze anos foi assassinada, vindo juntar-se a triste e chocante estatística que apontava que em 2012 sessenta e cinco assassinatos de mulheres ocorreram no Estado. Mais do que em todo ano de 2011. No dia o6 de Julho, na Praça da Paz nos Bancários, fizemos uma ação de repúdio ao feminícidio que vem ocorrendo na Paraíba, onde lemos os nomes de todas as mulheres assassinadas no período, além de assinar junto com outros coletivos feministas uma nota de repúdio á imprensa sensacionalista que com sua ânsia "carniceira" expõe duramente os corpos mutilados de nossas companheiras e minimizam barbáries com o velho chavão de "crime passional" aplicado aos atos sádicos em questão.



Em Setembro, desembarcam na Paraíba, as integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso Nacional que investigam a violência contra a mulher. A primeira ação da CPMI será em reuniões com autoridades do município de Queimadas, onde no início do ano ocorreu estupro coletivo de cinco mulheres, seguido de assassinato de duas delas.


No dia seguinte foi realizada audiência pública na Assembléia Legislativa, em João Pessoa. Foram convidados o secretário de Segurança Pública do Estado, Claudio Coelho Lima; o secretário de Saúde, Waldson Dias de Souza; a secretária da Mulher e da Diversidade Humana, Iraê Lucena; o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Abraham Lincon Ramos; o procurador-geral de Justiça do estado, Oswaldo Trigueiro; e o defensor público-geral do estado, Vanildo Oliveira Brito. Em ambos os eventos, a Marcha das Vadias João Pessoa se fez representada acompanhando os demais movimentos e grupos feministas do Estado.



Em Janeiro desse ano, a apresentação da banda baiana New Hit, na cidade de João Pessoa, foi cancelada. O motivo deste cancelamento foram os protestos, através das redes sociais, de grupos feministas, que junto a Marcha das vadias, em menos de vinte e quatro horas mobilizaram nas redes sociais uma quantidade impressionante de pessoas, o que pressionou os organizadores do evento a contratar uma nova atração.

Os nove integrantes da banda em questão e o soldado da PM que fazia sua segurança, foram denunciados pelo Ministério Público por estupro qualificado com características de crime hediondo. Duas jovens foram sexualmente abusadas repetidas vezes e com extrema violência. De acordo o Ministério Público, as adolescentes foram abusadas dentro de um ônibus estacionado na Praça Santa Tereza, no centro de Ruy Barbosa, Bahia, com uso de "extrema violência" e "em alternância". Os acusados foram presos em flagrante, mas ainda vem realizando shows País afora.



A campanha – "Um bilhão que se ergue" – remete ao número de mulheres que, segundo estimativas da Anistia Internacional, são vítimas de violência no mundo. Ou seja, um terço de todas as mulheres. A violência se dá de diversas formas: assédio sexual, estupro, mutilação, espancamento, mas também por pressão psíquica. Em João Pessoa, o evento foi idealizado pela Marcha das Vadias e contou com a participação de diversos grupos feministas e pessoas que na Praça Rio Branco, expressaram indignação com tais números sem abrir mão da alegria. Todxs juntxs realizamos um apelo por mais liberdade, segurança e valorização das mulheres.

Entendemos, no entanto, que apesar dessas ações, ainda falta muito para que consigamos chegar a mais pessoas, principalmente aquelas em situação social, profissional ou de gênero que configure maior risco de violência. Pensando nisso, a organização da Marcha das Vadias João Pessoa criou uma equipe específica para articular discursos e trocas de experiências junto a estes coletivos, associações ou comunidades, nos tornado em um movimento cada vez mais coerente e pontual com a reais necessidades de desmistificação do discurso feminista. 

Se você acha que pode compartilhar conosco suas dúvidas, levar-nos a sua comunidade, somar para que possamos crescer em número e mobilização, seremos muito gratxs. Construir coletivamente uma ação que não seja segregadora ou elitista é uma de nossos principais propósitos para esse ano. Contamos, pois, com todxs. Mande seu e-mail com críticas, sugestões ou pedido de visita da equipe de divulgação para marchadasvadiasjoaopessoa@gmail.com 

E sigamos juntxs rumo a uma sociedade que não mais admita em hipotése alguma a violência física ou psicológica contra a mulher.

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