quinta-feira, 2 de maio de 2013

A gangue rosa e a defesa pessoal para as mulheres









Por Mabel Dias

As mulheres só podem sair nas ruas acompanhadas com algum homem da família, namorado, ou ainda com uma amiga. Caso contrário, podem ser violentadas e mortas. Este tipo de comportamento lhe soa familiar? Se sim, ele não está se referindo especificamente às mulheres brasileiras, mas sim às indianas.

Logo após o estupro e assassinato de uma jovem indiana, ganhou repercussão mundial a situação em que vivem as mulheres na Índia. Assim como no Brasil, ser mulher na Índia é um risco. A violência contra a mulher é explícita; não somente na intensidade das torturas e espancamentos, mas também nos diversos modos como é veiculada. Essa violência também é representada pela quantidade assustadora de estupros e pela poderosa rejeição aos fetos e bebês do sexo feminino – quase sempre abortadas ou assassinadas ao nascer, o que leva a um sério desbalanceamento na população. 

Embora a imposição de papéis de gênero, que ditam a forma como a mulher deve agir e viver, seja um problema gravíssimo, é difícil comparar a severidade da situação perto das demais violências que as mulheres indianas enfrentam. As concessões e proibições feitas às mulheres indianas variam de acordo com a classe social, mas a essência da subjugação feminina permanece a mesma. Enquanto as meninas mais pobres não podem estudar, as mais ricas são pressionadas a fazerem-no; nenhuma mulher está livre da pressão para o enquadramento nas expectativas da sociedade. Mesmo mulheres bem sucedidas e supostamente privilegiadas são oprimidas; geralmente vítimas de casamento forçado, têm como único papel relevante o de trazer filhos homens à família. Mesmo em pleno século XXI, a valorização da virgindade e da inexperiência sexual e amorosa das mulheres é elevada aos extremos na Índia. 

Diante desta violência de gênero, a sociedade indiana se uniu e manifestou todo o seu repúdio ao machismo que vem violentando e matando centenas de mulheres e meninas no país. Quando do estupro e assassinato da estudante de fisioterapia, que estava em um ônibus com seu namorado, vários protestos tomaram as ruas de Nova Deli, capital da Índia. 

Um grupo de mulheres foi mais além. Elas formaram um coletivo chamado de ‘Gulabi Gang’, ou “A Gangue Rosa”, que atua em defesa dos direitos humanos de mulheres e meninas indianas. Atualmente, lutam também para combater o casamento infantil, eliminar o sistema de dote e derrotar o analfabetismo feminino.

A “gangue Rosa”, que conta atualmente com cerca de mil mulheres, além de questionar o machismo, partiu para a ação direta, promovendo aulas de defesa pessoal para mulheres. Quando saem às ruas, elas levam consigo uma vara de bambu, as “Laathis”, que serve como instrumento de defesa e ataque contra agressores. Quase todos os dias, realizam treinos para aperfeiçoar os golpes. Engana-se quem pensa que defesa pessoal é estimular à violência. Pelo contrário. A violência já existe e o que a “Gulabi Gang” faz, assim como tantos outros grupos feministas que praticam auto defesa, é atacar a ferida da violência de maneira direta, e evitar que as mulheres sejam estupradas e mortas.

Como diz  Jarid Arraes, em seu post das Blogueiras Feministas, a “Gulabi Gang” é um exemplo que pode ser seguido pelas mulheres do Brasil e de outras partes do mundo. O feminismo vem respirando outros ares e tem partido para a ação direta contra à violência à mulher. Oficinas de defesa pessoal fazem parte disto. Através da prática da defesa pessoal ou de alguma arte marcial, muitas mulheres podem evitar a violênci

Nenhum comentário:

Postar um comentário